sábado, 18 de fevereiro de 2017


Qual a Postura Ideal Para o Professor na Contemporaneidade?


O ensino no Brasil já passou por várias fases desde a chegada dos portugueses há mais de quinhentos anos. 
Inicialmente a Igreja com seus representantes jesuítas tinham como missão catequizar os nativos brasileiros em nome de Cristo.
Já em meados do século XVIII ainda no período colonial é implantado através da reforma pombalina o ensino público com base nas Cartas Régias, ainda assim manteve-se o “Ensino Religioso” nas escolas, e tampouco o ensino era universalizado na sociedade daquele período.
Com a vinda da Família Real no início do século XIX algumas mudanças começaram a ser empreendidas neste sentido, inauguram-se algumas Escolas superiores como as Academias Militares e a Escola de Medicina, mas ainda assim o acesso era pra poucos e privilegiados.
Somente na época da implantação da Nova República alguns pensadores lançaram efetivamente um Manifesto no qual reivindicavam uma educação gratuita e laica, chamado "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, foi um movimento importante e que viria a influenciar os modelos de educação até a contemporaneidade.
Durante todo esse período a educação privilegiou outros motivos que não o educando o mais importante objeto dessa relação ensino-aprendizagem. O papel do professor passou por: evangelizador, detentor do conhecimento, transmissor dos conhecimentos acumulados etc.
Então refletindo sobre a História da Educação no Brasil, e a realidade que há muito foi instaurada neste país, venho divagar um pouco sobre o tema.
Acredito no Brasil como um país democrático e carente de pessoas conscientes do sentido de “Ser Cidadão e Ético”, pois, no nosso país as leis foram criadas antes das pessoas terem noções sobre esses conceitos e tampouco exercerem o mesmo. Neste sentido gostaria de trazer umas palavras do Paulo Freire:
A necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita à distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. Decência boniteza de mãos dadas. Cada vez me convenço mais de que, desperta com relação à possibilidade de enveredar-se no descaminho do puritanismo, a prática educativa tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de decência e de pureza. Uma crítica permanente aos desvios fáceis com que somos tentados, às vezes ou quase sempre, a deixar as dificuldades que os caminhos verdadeiros podem nos colocar. Muheres e homens, seres histórico-sociais, nos tornamos capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, por tudo isso, nos fizemos seres éticos. Só somos porque estamos sendo. Estar sendo é a condição, entre nós, para ser. Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela. Estar longe ou pior, fora da ética, entre nós, mulheres e homens é uma transgressão. É por isso que transformar a experiência em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar. (FREIRE, 1996)


 Neste sentido o professor na contemporaneidade deve estar atento não só ao conteúdo lecionado, mas também praticar com seus alunos o “ser ético” socialmente, pois, temos um Brasil arraigado no chamado “jeitinho brasileiro”, em que as pessoas cometem pequenos atos de corrupção, sem terem de fato conhecimento e consciência profunda do que estão fazendo, noss@s alun@s criticam a postura dos políticos, mas, no fundo estão cometendo uma prática parecida com a que estes praticam, porém, em menor escala, o que não muda, tampouco os isentam de serem colocados no mesmo patamar.
Como educadores devemos termos sempre uma postura ética e cidadã, dialogar com os educandos instigando-os a ter uma postura política, independente de suas orientações, possibilitando um diálogo aberto e de crescimento como cidadãos éticos e conscientes de suas escolhas. O professor não deve ter atitudes autoritárias, mas ao contrário, ter uma relação de troca, de contribuição/corroboração entre saberes adquiridos por ambas as partes, “ensinar inexiste sem aprender e vice versa” (FREIRE1996). 
Agindo dessa maneira, creio que o educador estará contribuindo bastante para formar futuros cidadãos éticos e conscientes de seus direitos e deveres, diante de uma sociedade em transformação como a nossa. Dessa maneira poderíamos dizer conforme Piajet nós educadores estaríamos contribuindo para uma formação de seres “autônomos” e capazes de discernir melhor, sobre as posturas políticas em nossa sociedade, o que poderia acarretar numa grande transformação social, possibilitando uma sociedade mais igualitária e justa.




Referência bibliográfica:

- Cunha, Marcus Vinícius. A DUPLA NATUREZA DA ESCOLA NOVA: PSICOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS. Cad. Pesq., São Paulo, n.88, p.64-71, fev. 1994
- Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
- Yves de La Taille. DESENVOLVIMENTO DO JUÍZO MORAL E AFETIVIDADE NA TEORIA

DE JEAN PIAGET In: PIAGET, VYGOTSKY, WALLON: Teorias Psicogenéticas em Discussão. Yves de La Taille, Marta Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas

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